quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sobre a Comissão Especial de Astronomia (CEA) - IV

por Oswaldo Miranda (adaptado de mensagem ao Fórum da SAB, enviada em 06/11/09)

Os representantes do CNPq, CAPES, ABC, SBPC na CEA não têm como defender pontos de vista dessas Sociedades. Eles defenderão os pontos de vista, e de interesse, das suas Universidades e de seus Grupos. A exceção é o representante da SAB que deve representar toda a Comunidade Astronômica Brasileira. Diria até pela forma de atuação dos Membros CNPq, CAPES, ABC, SBPC que eles representam o INCT-A e os seus grupos de pesquisa e não as "Sociedades" CNPq, CAPES, ABC, SBPC. Se alguém discorda disso então me diga quais são as diretrizes que essas agências/sociedades passaram a esses representantes? Como foram feitas essas indicações? Por quê a Comunidade Astronômica não foi ouvida por essas Sociedades? Por exemplo, não seria natural a SBPC pedir que a SAB fizesse a indicação? Não seria natural o CNPq ouvir os bolsistas de produtividade em pesquisa da área de astronomia? Não seria natural a CAPES ouvir os cursos de pós-graduação em astronomia? Voltando a questão do "peso das UPs" nessa Comissão. Não discuto o número do Laerte - 70% dos pesquisadores estão nas Universidades. Mas esse não pode ser o único número para definir a participação (aumento/diminuição) dos representantes das UPs. Exemplo: Dos 70% que estão nas Universidades, qual é a fração que atua no óptico/infravermelho, radioastronomia, cosmologia teórica, altas energias, astrofísica de ondas gravitacionais, etc. Posso dizer, com pequena chance de errar, que em pelo menos em duas áreas da astronomia: radioastronomia e astrofísica de ondas gravitacionais, pelo menos 70% dos pesquisadores estão nas UPs e não nas Universidades. Não teríamos "também" que levar esses dados em conta para falar de distorções na relação UPs/Universidades nessa Comissão?

Outra questão: na regional de São Paulo, o Laerte mencionou a proposta de um satélite para UV. Proposta que na minha opinião é bastante interessante. Contudo, 80% da capacidade de desenvolvimento instrumental da astronomia brasileira está instalada nas UPs. Levando-se em conta que menos de 30% dos astronomos estão nas UPs, então esses 80% mostram claramente que se as UPs não tiverem participação ativa nesse plano nada funcionará em termos de desenvolvimento instrumental na nossa área. Pressumo que um plano para a área de astronomia não envolva "comprar tempo de telescópio". Para isso, sinceramente não é necessário um plano. Alguns colegas usam o termo de que o Brasil deve ser "um player" no cenário internacional. Isso só será possível se o Brasil "também desenvolver instrumentação de qualidade". Quem é que vai fazer isso? As Universidades? No caso do satélite proposto pelo Laerte, vai ser feito aqui no Brasil? O projeto será brasileiro? Que instituição fará o projeto e a integração dos sistemas desse satélite? Se as UPs não tiverem participação ativa na elaboração desse plano, elas apoiarão as propostas instrumentais ou seguirão outros caminhos deixando o Plano de Ação para a Astronomia como secundário? Se o desenvolvimento instrumental não fizer parte de um plano de ação para a astronomia brasileira, a astronomia brasileira será efetivamente um "player" no cenário internacional?

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